Acordamos cedinho, e fazemo-nos à estrada. Após uns quilometrozitos,

passamos finalmente a fronteira entre Espanha e França, debaixo do olhar atento de polícia de ambas as nacionalidades. Não nos mandaram parar, apesar de estarem a revistar bastantes carros. Deduzo que um carro de matrícula espanhola, pranchas ao alto, com um recheio que é 75% português e manda umas bocas (em português) sobre o primo da Cristina pertencer à ETA (não pertence), não tem um ar suspeito. O verde é o que causa o primeiro impacto por aqui. Tudo transpira vida. Logo a seguir, o pontilhado de casas típicas, onde os prédios soam já a miragem. Parece que conseguimos sentir o ritmo a abrandar. Tudo se começa a mover sem stress, e acabamos por ser influenciados por este sentir. Largamos as malas no Chalet que alúgamos, e vamos limpar dez horas de ar condicionado para a praia. São 19 horas. O temperatura ronda os 30º. Vamos para a água a medo. Passados 20 minutos, ainda andamos lá dentro, porque a água está surpreendentemente quente, e apenas saímos, porque ainda teríamos que secar um pouco e pensar onde jantar. Um ligeiro ondular, promete para o dia seguinte, o que de momento está calmo demais para quem veio (não só, mas também) à

procura de ondas. O dia seguinte vem confirmar este pressentimento, e proporcionou algumas boas surfadas (talvez com direito a post) durante o tempo que lá estivemos, com um interregno de dois dias, em que o mar resolveu ir pregar para outras paragens. Biarritz é uma cidade muito simpática, onde os prédios não oprimem, com uma zona cheia de palacetes que nos remetem para os seus tempos aúreos, em que foi destino de férias da alta sociedade. Agora já sem essa pressão, mantém um
glamour muito próprio, a que se veio juntar uma vincada veia surfista (vemos gente dos 8 aos 80 dentro de água), e que se traduz num ambiente super descontraído, e onde nunca sentimos por um momento que fosse, qualquer tipo de insegurança. Foi giro descobrir um bar (era mais um espécie de quiosque em ponto gigante) num miradouro sobranceiro à praia, que funcionava das 7 da manhã às 3 da manhã, e era ponto de encontro para numerosas famílias com bebés, que ali se juntavam

ao final do dia (lá só anoitecia por volta das 10:15) e que depois acabavam por se misturar com os pré-noctívagos. Tudo sempre com uma atitude descontraída. Mulheres bonitas (e em
topless!) por lá, era mato! Já os homens, segundo a opinião das meninas, bons eram muito poucos. Mas como por lá era hábito despir o fato/calções/short sem o auxílio de toalha, isto acabou por lhes proporcionar algumas vistas interessantes (e aos meninos também, porque as senhoras também eram adeptas dessa modalidade!). Nós tugas, como gostamos de seguir as últimas tendências,

rapidamente adoptámos este meio facilitado de despe-veste (os meninos. As meninas não ficaram lá muito convencidas). No meio disto tudo, o grande problema foram as inúmeras lojas onde gastar os euritos, e que quase nos íam levando à falência! Posso assegurar que houve momentos de puro frenesim consumista! Os destinos de visita incluíram ainda Hossegor, Anglet, Mundaka, Bilbao (Bilbo em basco. Será que foi a inspiração para Tolkien?) e mais uma série de

pequenas vilas. Tivémos até direito a uma casa assombrada, mas a Cristina não nos deixou aproximar demasiado da mesma. Tudo somado, fez com que adiássemos o regresso a Portugal, e trocássemos uns dias já reservados na Ilha de Tavira, por mais um pouco de País Basco. E se deixou saudades.