Palavras soltas

De novo em frente ao ecrã. Já sem dias de férias para gozar. E no entanto a vontade de trabalhar permanece nos níveis anteriores: 0,001. Que deve ser mais ou menos a casa decimal segundo a qual os bancos deveriam fazer o arredondamento dos nossos empréstimos, mas que não lhes parece nada bem, porque assim vai ser menos um sítio para nos roubarem à descarada. Coitadinhas das instituições bancárias, quase consigo verter uma lágrima por eles. Por eles e pelo meu computador. Afinal parece que o indivíduo sofre mesmo é de Alzheimer. Os problemas de memória são tantos que, de repente, ele até se esqueceu que não reconhecia uma memória antiga que por aqui andava e agora anda todo contente da vida com ela, como se fosse uma namorada nova. Enfim. Espero que o namoro dure muitos e longos anos. Sim, porque a minha paciência não é eterna e ele esteve quase a voar pela janela. Que é o que me apetece agora. Não enviar o computador pela janela, mas sair eu mesmo a voar por aí. Se calhar, pensando melhor, até nem é assim tão boa ideia. Com este tempo desgraçado, não deve ser muito confortável ficar para ali estendido no passeio a levar com chuva na cara. Sim, que as minhas asas são muito pequeninas e não dão para grandes voos. Valham-me os livros, que esses fazem-me voar sem sair do sofá. E acho que é mesmo para lá que eu vou agora.